terça-feira, 22 de julho de 2008

Besourinho

Oi! Eu sou Marc, um besouro. Provavelmente você não me conhece, mas eu te conheço, pelo menos uma parte de ti e é sobre esta parte que eu gostaria de conversar contigo. Talvez devido ao seu tamanho você não tenha se dado conta do quão doce e bela você é e o quão segura e aconchegante você torna minha vida. Para te mostrar isto deixe-me explicar um pouco da minha vida. Como todo besouro, estou sempre a procura de um local seguro para ficar, minha natureza sempre busca a casinha mais colorida que possa encontrar em meu caminho, acabei aprendendo que estes abrigos podem ser muito perigosos, já morei em plantinhas multicoloridas que deixavam meus amigos morrendo de inveja, mas aprendi que ser atrativo aos olhos não é sinônimo de segurança e qualidade, pois a parte de fora é linda, mas seu interior, que é de onde retiro meu alimento e pra onde vou me abrigar do inverno, é frio e amargo. Por tempos andei a procura da morada perfeita, mas sempre me deparava com o mesmo problema, linda por fora e amarga por dentro, parecia ser a sina de minha vida.
Em uma de minhas andanças migratórias, em meio a um inverno muito forte, deparei-me com uma imponente planta, não haviam as cores às quais eu estava acostumado, mas a espessa casca que a revestia me parecia bem resistente e segura para abrigar-me temporariamente, pelo menos até o fim do inverno. No início tive medo, precisei andar um bocado para dentro da plantinha para chegar no local onde havia alimento, a grossa casca que a revestia tornava distante a saída, do centro de onde poderia retirar a seiva para alimentar-me e, quando eu ia buscar folhinhas para forrar minha nova casa, tinha que desviar dos espinhos que cobriam toda a parte externa da planta, um trabalhão! E assim passei todo o inverno.
Agora já é primavera, já posso partir a procura de uma casinha melhor, certo? Errado! Sabe por quê? O inverno passou e eu nem percebi, a segurança que este ente da natureza me proporcionou eu nunca havia experimentado em nenhum outro, seus espinhos afastavam visitantes indesejados e não haviam flores ou frutos que pudessem atrair futuros moradores, mas percebi que nunca havia experimentado seiva tão deliciosa quanto esta que provei, nunca havia visto flores tão lindas quanto as que encontrei em baixo desta casca de espinhos e, agora na primavera, percebi que esta planta ainda tem muito a crescer, a quantidade de frutos que vejo me mostra que ela ainda tem um futuro imenso pela frente. Quer saber? Chega da vida migratória, encontrei meu porto seguro, quero ver estes frutos germinarem e, contrariando minha natureza parasitária, quero crescer junto com ela, cuidar de suas flores e regar seus frutos.
Espero que você me entenda e que não se importe de ter escrito isto em sua casca, mas gostaria que soubesse o quão bela e doce você é, o quão importante você se tornou para mim e o quanto te amo. Para sempre!

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