terça-feira, 18 de maio de 2010

Visita Inesquecível

Tarde dessas fui convidado a ir a casa de uma amiga que fiz dia desses. Nada de mais, se não fosse pelo desenrolar das coisas. Vocês vão entender.
A mina era dessas certinha, descendente européia, sempre maquiada, super antenada, descolada e bonita. Meu relacionamento com ela era restrito, nos encontrávamos nos intervalos da aula, na lanchonete, no caminho de algum lugar, etc. Como ela mora longe, nunca pude visitá-la. Ficamos restritos aos encontros casuais e conversas descomprometidas. Semanas atrás ela queria marcar algo para fazermos juntos. Tendo namorada, pensei umas trezentas vezes nas implicações de minha resposta, mas depois de pensar muito (conversar com a Ju), percebi que deveria aceitar o convite. O passeio sugerido para o tal encontro tratava-se de uma visita à terra natal da querida, Não Me Toque. Sabe onde é? Nem eu.
Animado com a carta de alforria e com a possibilidade de conhecer um lugar novo, aceitei.
No dia marcado, fui a caminho da tal cidade. Guiado por mapas comerciais e palpites de pessoas que acreditam conhecer muito o mapa mundi, por sorte, acabei chegando à tal cidade.
Não vou comentar a região, pois o propósito não é esse (posso acabar ofendendo à alguém). Vamos direto ao encontro. Após muito rodar várias vezes pelo mesmo lugar (nunca esquecerei de como é e nem de como chegar à prefeitura local), achei o endereço, mas demorei para crer que estava correto. Já viram o filme Abril Despedaçado? Aquele filme com o Santoro, pois é, a casa era aquela, tinha uns cinco cachorros de raças indefinidas, acho que eram todos de cruza com todos, vi umas duas galinhas e (acho que) vi um filhote de velociraptor correndo para um lugar que acredito ser uma casa de ferramentas. Estacionei meu Fusca 71 estilosamente à frente do casebre e desci para ver se estava no lugar certo. Como o barulho do motor do possante é inconfundível (a Harley já quis me processar por plágio, mas até hoje não conseguiu), em pouco tempo a dita cuja saiu ao meu encontro. Estava completamente diferente, outra pessoa. As roupas não faziam referência à menina que conheci em Porto Alegre. Me senti um soldado americano adentrando a Holanda recém desocupada, esperando encontrar belas mulheres agradecidas por tornar o país livre da ameaça alemã, mas na verdade encontrou apenas aquelas colonas gordas com manchas de leite azedo em suas roupas sofrivelmente limpas. Que seja, eu sei que ela não era assim, podia ver (com muito esforço) a pessoa que ela era. Após cumprimentos, fui conhecer a família.
Ao entrar, me senti um terráqueo abduzido por uma nave Klingon. O pai era um gordão assutador, meio rosado meio bronzeado a spray, usava um macacão que não faria sucesso nem nos anos oitenta, com o peito cabeludo, cortado por uma imensa cicatriz de uma possível ponte de safena faita em algum açougue local. A mãe era o quadro falsificado da dor, não sei descrever, talvez a mãe do Norman, do Psicose, ou a mãe do carinha do Fome Animal, só que mais feia, sei lá, pensa numa pessoa feia, dobra, era ela. Se for verdade que a mãe é o espelho da filha, ela deveria se matar hoje.
A casa, pelo lado de dentro, era uma peça esquecida no fundo de algum galpão da Warner (talvez o armazém 53, de algum filme de terror fracassado). Vocês já viram teia de aranha em móveis, certo? Mas já viram essas mesmas teias cobertas de pó? Eu vi. Tinha uma aranha que, das três uma: ou era muito velha e tinha uma boa barba grisalha ou era médica cirurgiã ou estava se protegendo da h1n1. Os cachorros eram os donos da casa (se é que aquela casa tinha algum dono). Faziam o que queriam, não tinham limites, comiam o que queriam, acessavam qualquer parte da casa, podiam transitar livremente do pátio úmido para a casa sem serem repreendidos por ninguém, como as vacas na Índia. O sofá, que eu demorei a perceber, pois pensei ser algum tipo de manjedoura, onde havia de tudo, menos um forro ocidental convencional, possuía várias manchas não classificadas nos anais da ciência moderna, o que me levou a não querer sentar nele. As cadeiras disponíveis deveriam estar em algum museu da dor, artigos de algum calabouço medieval. O tapete já fazia parte do assoalho, acho que ninguém conseguiria retirá-lo nem se quisesse. Isso era só a sala, me nego a descrever a cozinha. Algo cozinhava lá dentro e tive medo de haver alguma Cuca cuidando da janta.
Descobri que haveria um churrasco, fomos para o pátio, um lugar mais arejado, porém repleto de coisas pelo chão. Acredito que Betty Blue morou aqui um tempo, mas por infelicidade não teve tempo de pôr fogo em tudo. Pelo menos a churrasqueira era boa, tinha espaço, a carne já estava preparada, o pai da Emily Rose mirim disse que iria cortar mais alguns pedaços e já começaria a assar os quitutes.
Fui conhecer o quarto da moça. Sabe onde era? No lugar onde achei que era a casa de ferramentas, lá para onde foi o velociraptor. Por um momento recuei, mas não podia demonstrar fraqueza. Eu era o mítico cara da capital; precisava defender bem minha origem. Como um herói rpgístico, adentrei o aposento à procura de goblins ou kobolds, mas vi um quarto-cozinha-sala bem ocupado e completo, dentro dos trinta metros quadrados disponíveis. Não havia lugar para sentar e fiquei imaginando onde ela dormia. Conversamos um pouco quando, de repente, o pai da moça aparece para avisar que já havia carne disponível para beliscar.
Sabem o açougueiro do Arvoredo? Nem eu, mas ele deveria ser bem igual ao pai dela naquele momento, o macacão coberto de sangue, o rosto engordurado, enfim, aquele tipo de coisa que você tem certeza de que não pode ficar pior, mas fica. Não tive coragem de comer mais do que um salsichão e, como já estava anoitecendo (lua cheia), disse que infelizmente não poderia ficar mais, pois tinha um compromisso inadiável em Porto Alegre. Apliquei que tinha acabado de receber uma ligação em meu celular avisando que minha mãe havia sofrido um acidente (meu celular nem pegava naquele buraco).
Após muitas condolências e desagradáveis abraços, fui liberto. Corri para meu alazão VolksWagem e cortei trilha rumo à querida Porto Alegre, imaginando ver pelo caminho, mulas sem cabeça, sacis e todos os seres que povoam minha mente.
Resumindo, conheça bem a pessoa antes de aceitar convites mais íntimos. Vai te poupar uma roubada. Hoje, quando vejo minha ex-amiga em algum lugar, atravesso a rua, subo em uma árvore, enfim, faço qualquer coisa para fugir de seu campo de visão. Cancelei meu orkut, mudei de e-mail e troquei a fechadura (por via da dúvidas). Hoje estou recuperado do susto, mas não recomendo a ninguém o que passei. Desejo que aprendam com minha experiência. Até mais.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sábado - 15/05/2010

Este dia merece ser contado, não por ser aniversário de namoro, mas por ter sido ímpar.

Tenho me sentido deprimido nesses últimos dias, os motivos eu não sei ao certo, mas estou apático e sem vontade. Uma coisa que preciso ressaltar é isto, o cara quando está deprimido não sabe bem porque está deprimido e também não sabe como resolver o problema. A maioria das pessoas pergunta “O que houve?”, “Por que está assim?” ou “Por que não sai dessa?”, acho tudo muito engraçado, se eu tivesse estas respostas não estaria na situação em que me encontro.

Voltando ao ponto, o sábado, as tarefas eram simples, vacinar-me conta a H1N1, ir ao supermercado fazer o rancho e assinar um documento em reunião do condomínio que ratificaria o conselho regente temporário do condomínio, ou no idioma claro, grupinho que assumiu de emergência porque ninguém quis assumir e precisará resolver os problemas que estão estourando, não vão resolver nada, mas pelo menos serão reconhecidos por terem tentado. Na sexta dormi na Ju (noivorada) e acordei ao meio dia para começar a resolver as coisas (estou deprimido, lembra? Preciso descansar). Dúvida libriana, que fazer primeiro? A Ju mora ao lado do Iguatemi, o que agilizaria o Super, mas teria que ficar com as compras durante um tempão até resolver o restante, optei pela vacina, procurei um posto de saúde, todos fechados, resolvi ir na casa da mãe, para ver na internet (meu cubículo não possui este luxo indispensável nos dias de hoje. Eu ainda procuro endereços na lista telefônica, enquanto todos utilizam o Google), escolhi um dos dois postos que estavam oferecendo a vacina na zona norte e corri para o condomínimo para assinar o maldito documento, pois já eram 14:50h e a coleta das assinaturas começaria pontualmente às 15h (segundo documento socado na minha caixinha de correios). Fiquei esperando até às 15:20h começar alguma coisa, mas nada. Fiquei junto com alguns felizes moradores na guarita do guarda (que é o único disposto a ouvir reclamações, mas não tem competência para resolver nada), mas não aguentei esperar, fui correr atrás da vacina. Fui até o Postão do IAPI, peguei uma filinha de oito pessoas bem humoradas, fazendo as mesmas piadas sobre agulhas e pessoas fiasquentas, fiz meu décimo sexto cartão de vacinação, tomei a agulhada e fui para o carro pensando nos efeitos colaterais que passei semanas ouvindo das outras pessoas. A caminho do carro, notei ao lado um cemitério, sempre soube que ele estava ali, mas nunca me atrevi a entrar, como não tenho mais o que fazer, entrei para dar uma visitada. Tudo muito normal, cheio de gente morta, flores podres, limo no chão, paz enlouquecedora e até um ursinho bem velho, já com uma plantinha saindo de um rasgo na orelha. Procurei parentes, pois minha mãe disse que meus bisavós estavam ali, mas não encontrei. Fui embora, na ilusão de que conseguiria chegar a tempo de assinar o documento, mas a caminho vi o Super, entrei, fiz as compras, deixei o dinheiro do LIS e voltei a noitinha para casa. Nada de coleta de assinaturas.

Gostaria de acrescentar que tive uma parceira em todo este dia, sem a qual não poderia suportar o que passei e teria ficado lá no cemitério desfrutando da quietude prometida a todos ao fim da vida. Neste dia em que completamos seis meses de namoro (se estou certo, senão estou morto mesmo), gostaria de deixar registrado que esta parceria está sendo fundamental para mim, não conseguiria imaginar ninguém ao meu lado que não fosse ela. Passamos a noite discutindo se não deveríamos estar preocupados pelo fato de termos trazido terra de cemitério, em nossos sapatos, para dentro de casa. Será que acabamos de tornar o apê assombrado? Ainda não posso responder a isto, mas é uma hipótese, diriam alguns, e por via das dúvidas, deixei um pouquinho no tapete do apartamento do síndico.

(Beijão, Ju. Te amo!)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Olá, Pessoas!!!

Nove meses... Nove meses... Tempo necessário para muitas coisas, inclusive fazer uma pessoa.
Não tenho desculpas, somente dúvidas e incertezas, mas disto todos já estão cheios.
Neste gestacional período, vivi minha vida, como sei viver, sem agradar ninguém e à minha vontade.
Vou atualizar (Dentro do possível):

Apê: Ainda está de pé, mas as rachaduras estão aumentando, antes estavam apenas aos pés das portas dos quartos, agora estão no teto do banheiro, em algumas paredes e em alguns pontos do meu rosto. A pia da cozinha está solta da parede, lavar a louça é mais divertido agora, com swing, afinal estamos no Brasil. O gás ainda não acabou, acho que não é um botijão, na verdade ele é um item mitológico, como as antigas cornucópias gregas, fornecem aos possuidores um suprimento inesgotável de uma determinada coisa. Dei muita sorte, onde encontraria um item destes nos dias de hoje? Já que estou pisando em terreno mítico, gostaria de escrever sobre A Gosma Negra. Este ser convive comigo desde o princípio de meu confinamento voluntário em minha nova morada (prometo tirar uma foto e postar em seguida), não sei exatamente o que é, mas é feio e está crescendo. Ele desce do teto...

Posts futuros virão, ainda preciso falar de trabalho e amor, este último o mais importante na minha atual fase.