domingo, 9 de setembro de 2012

Decisão vermelha ou decisão cinza?

 Todos nós temos nossas habilidades, isso é inegável, eu sei entreter, este é meu talento. Profissionalmente trabalho exercendo este ofício, mas por vezes esbarramos em dilemas, facilmente enfrentados, graças ao jogo de cintura que é indispensável a todos os bardos.
 Desde minha tenra juventude, me acostumei a migrar de reino em reino, em busca de conhecimento e, com a idade, emprego. Sempre me nutri das oportunidades que a mim eram apresentadas. Servi a muitos reis, que sempre apreciaram meu trabalho, mas como todos sabem, este ofício é muito complicado, depende de interpretação, se não se faz entender arrisca perder o emprego e até a cabeça.
 O problema de tudo é quando no reino existe algo que te prende a atenção, mais do que o ofício para o qual foste contratado. Chamo esta barreira de Red Queen. Este fenômeno é tudo aquilo que te tira o foco e te faz variar da razão a emoção, um jogo de tênis onde um lado do teu cérebro disputa com o outro.
 Se você recebe uma Red Queen em uma mão de poker, provavelmente irá até o fim da jogada, arriscando suas poucas fichas. Isso é uma coisa inexplicável, por quê isso não acontece com a Black Queen? Psicólogos explicarão e teóricos divagarão, mas o fato é que tenho uma Red Queen que se encaixa perfeitamente na mão que idealizo. Que fazer? Sair? Ou ir ao final da rodada e ver onde vai dar? O custo poderá ser alto, tanto poderá cair em fracasso, mais um, ou em sucesso. Mas o sucesso ainda poderá ter complicações. Um lado do cérebro diz que o óbvio seria ver onde tudo acabará, mas o outro adverte sobre as consequências. Geralmente eu não dou ouvidos ao segundo lado, mas será que ele não está certo neste caso?

 Finalizando, seria bom se as cartas falassem, seria tudo mais fácil. Um bardo vive de jogos e de teatralidade, mas com o tempo as coisas se confundem. O que é viver? Ceder aos impulsos ou ceder ao superego, que te manda ser comedido nas ações. Sempre tentei esganar esta parte do mecanismo de defesa do morador do meu crânio, mas ele é muito teimoso e convincente.
Se perguntado hoje, diria que não me importo com as consequências, mas estaria eu cego pelo brilho vermelho ou realmente estou vislumbrando aquela luz que sempre busquei? Bem difícil é a resposta, mas ainda mais será a escolha que deverei fazer.